
Dono de bicicletaria falava em matar venezuelano dois meses antes do crime
Jean Kruguer foi preso nesta quarta; R$ 300 cobrados pelo conserto da bicicleta da vítima teriam motivado o assassinato
Jean Kruguer, dono da bicicletaria em Curitiba que matou o venezuelano Guillermo Rafael de Maria Montes, de 42 anos, no início de março, falava em assassinar a vítima desde o mês de janeiro. A informação foi divulgada pela Polícia Civil, nesta quarta-feira (12), para falar sobre a prisão do suspeito.
“No celular do suspeito aponta-se que ele comenta desde o mês de janeiro sobre a vítima e que ele fala que tem vontade de matar a vítima, que vai acabar efetuando os disparos contra a vítima”, revelou a delegada Camila Cecconelo.
Jean foi detido nesta quarta, após a Justiça aceitar o pedido de prisão com a justificativa de garantia da ordem pública. De acordo com a delegada, o investigado tem antecedentes criminais e é considerado uma pessoa perigosa.
“Ele tem histórico de antecedentes criminais por violência doméstica e por um crime de homicídio que ele teria cometido lá nessa mesma bicicletaria, na região central, de um modo muito parecido. Naquela ocasião, ele teria tentado matar uma pessoa em situação de rua e teria também arrastado o corpo para dentro da bicicletaria como ele acabou fazendo agora com essa segunda vítima”, relatou Cecconelo.
Ela ainda destacou que o crime contra o venezuelano Guillermo foi cometido de forma extremamente cruel: “A forma como foi cometido esse homicídio foi muito cruel, foi cometido na frente de terceiros e ele puxa o corpo para dentro da bicicletaria e ainda efetua mais um disparo fatal”.
Sobre a motivação do homicídio, a delegada explicou que o dono da bicicletaria deu uma versão que não condiz com o relatado por testemunhas e conhecidos de Guillermo. No entanto, ambas situações giram em torno de um desacordo comercial.
“Ele [Jean] alega que a vítima era agiota, mas outras testemunhas que era amigas da vítima relataram aqui para gente que, na verdade, a vítima teria deixado uma bicicleta para consertar com o autor e não teriam se entendido a respeito do conserto da bicicleta e sobre o pagamento de R$ 300 pelo conserto. Então, o motivo da briga teria sido esses R$ 300”, disse ela.
Dois dias após cometer o crime, em 5 de março, o dono de uma bicicletaria se apresentou em uma delegacia da Polícia Civil, prestou depoimento, entregou a arma de fogo usada no assassinato e foi liberado na sequência. Na ocasião, Jean afirmou que agiu em legítima defesa e que a pistola pertencia ao venezuelano.
Segundo a delegada, ele mentiu sobre Guillermo ter chegado armada no local: “Analisando as imagens de câmera de segurança fica muito claro que o autor é que estava armado o tempo inteiro, a vítima não estava portando arma de fogo. Isso também foi comprovado não só pelas câmeras, mas também pelos depoimentos das testemunhas”.
O que diz a defesa
Por meio de nota, a defesa do investigado alega que Guillermo teria uma personalidade violenta e que a instrução processual vai comprovar que Jean Kruguer agiu em legítima defesa.
Homem é morto por dono de bicicletaria no centro de Curitiba
O crime foi registrado por câmeras de segurança da região Central de Curitiba na manhã da segunda-feira (3), por volta das 11h.
Imagens que circulam nas redes sociais mostram os dois discutindo na calçada em frente ao estabelecimento. O proprietário da bicicletaria segura uma arma na mão e tenta puxar Guillermo para dentro da peça comercial. Ele resiste e chega a ter a camiseta arrancada enquanto luta para fugir, mas leva um tiro e fica caído no chão. Em seguida, o suspeito se aproxima e desfere um segundo disparo na cabeça do venezuelano para então arrastá-lo pela calça para dentro da peça comercial.
O Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma e Emergência (Siate) foi chamado, mas ele não resistiu aos ferimentos e morreu no local.
De acordo com a Polícia Civil, após cometer o crime e arrastar o corpo do venezuelano para dentro do estabelecimento, Jean efetuou mais um disparo de arma de fogo contra o desafeto, fechou a porta e fugiu.
Outro crime no centro
Em 2012, Jean foi preso por agredir duas pessoas com uma barra de ferro. Na época com 21 anos, ele afirmou que cometeu as agressões porque as vítimas estavam vendendo drogas em frente à sua bicicletaria. No estabelecimento comercial foram apreendidos seis facas, um cassetete, duas bestas e livros de estratégias militares.
*Com Mirian Villa, da BandNews Curitiba
Fique por dentro das notícias do Paraná: Assine, de forma gratuita, o canal de WhatsApp do Paraná Portal. Clique aqui.