Colunas
Ciclo paranaense da política segue em looping — e cada vez mais confuso
Fotos: Orlando Kissner/Alep e Reprodução/Instagram

Ciclo paranaense da política segue em looping — e cada vez mais confuso

Enquanto Cida Borghetti e Sergio Moro disputam os mesmos votos, Alexandre Curi, Guto Silva e Rafael Greca acompanham com olhos de águia.

Pedro Ribeiro - terça-feira, 22 de abril de 2025 - 09:19

A confirmação da ex-governadora Cida Borghetti como pré-candidata ao Governo do Paraná em 2026 foi a faísca que reacendeu os bastidores da política estadual. O anúncio, como era de se esperar, carrega as digitais de seu marido e velho conhecido da engenharia política local, Ricardo Barros.

Mas, por trás do gesto aparentemente ousado, há um quebra-cabeça em curso. E ele pode bagunçar ainda mais o já tumultuado cenário eleitoral paranaense. O principal ponto de tensão está em Maringá e região — reduto de Cida, Barros e também de Sergio Moro (União Brasil). Se ambos insistirem em disputar o mesmo eleitorado do agronegócio e empresarial, o resultado tende a ser uma divisão que não favorece ninguém.

Foto: Reprodução/Instagram Cida Borghetti

Enquanto isso, em Curitiba, o governador Ratinho Junior surfa em altíssimos índices de aprovação — 80%, segundo o Instituto Paraná Pesquisas — e se torna peça-chave no tabuleiro de 2026. Candidatos como Alexandre Curi, Guto Silva e Rafael Greca sabem disso e aguardam apenas o aceno oficial do governador. Hoje, o nome com maior força nos bastidores é Guto Silva, atual secretário das Cidades. Mas ninguém crava com segurança: Curi ainda é um nome forte e leal aliado de Ratinho.

O movimento de Cida, somado à presença incômoda de Moro, levanta uma pergunta inevitável: estariam eles ensaiando uma improvável aliança? Moro na cabeça de chapa e Cida como vice? Ou o contrário? Parece improvável, mas na política paranaense, o improvável tem virado regra.

Foto: Divulgação/CMC

Não faltam apostas de que Moro não repetirá o desempenho de 2022, quando foi eleito senador com 33% dos votos — empurrado, vale lembrar, por uma escolha desastrosa do próprio Ratinho, que rifou Álvaro Dias em favor de Paulo Martins e acabou pavimentando o caminho para Moro.

Caso Cida e Moro insistam em dividir os votos da capital, o resultado pode ser um tiro no pé — de ambos. E ainda há o histórico errático de Moro, que em poucos anos de vida política já protagonizou mais reviravoltas do que muitos veteranos. Álvaro Dias e Ney Leprevost que o digam.

A sensação é de déjà vu. A cada nova crise ou movimentação, vemos o mesmo script: promessas, alianças suspeitas, discursos inflamados e, no fim, um jogo de xadrez em que poucos sabem as regras e muitos acabam sendo peões.

O ciclo político no Paraná não se renova. Apenas gira. E, nesse carrossel, quem ri por último geralmente nem sabe mais por quê.

Compartilhe