London Tech Week revela novo momento para startups e investimentos no Reino Unido

Londres, 9 de junho de 2025 – A edição 2025 da London Tech Week começou nesta segunda-feira (9) em Londres com uma mensagem clara: o Reino Unido quer ocupar a linha de frente global da inovação, especialmente no campo da inteligência artificial (IA). O evento, que reúne mais de 30 mil participantes de 125 países, teve a abertura oficial conduzida pelo primeiro-ministro Sir Keir Starmer e pelo CEO da NVIDIA, Jensen Huang.

Realizado no Olympia London, o evento celebra a maturidade e a ambição do ecossistema britânico de tecnologia, hoje avaliado em US$ 1,2 trilhão — o maior da Europa, segundo o Tech Nation Report 2025. O Reino Unido conta atualmente com 163 unicórnios, dos quais 48 permanecem ativos no país.

Infraestrutura, talentos e capital

“A IA transformará todos os setores; em breve, toda indústria será uma indústria de tecnologia”, disse Huang, ao lado de Starmer. A fala foi respaldada por dados: apenas no primeiro semestre deste ano, startups britânicas arrecadaram mais de US$ 7 bilhões em capital de risco. Em 2024, foram criados 66 novos fundos no país, que captaram US$ 10,9 bilhões — 70% a mais que França e Alemanha juntas.

Com o terceiro maior volume de investimentos em IA no mundo (atrás apenas de Estados Unidos e China), o Reino Unido aposta no tripé de universidades de excelência, força de pesquisa e diversidade de talentos. No entanto, Huang e Starmer alertaram para a necessidade urgente de melhorar a infraestrutura tecnológica. Uma resposta veio em forma de anúncios concretos: um investimento de £1 bilhão em poder computacional e a instalação do novo laboratório de IA da NVIDIA em solo britânico.

Iniciativas e parcerias estratégicas

A London Tech Week se estrutura em torno do tema “Tech in the Age of AI” (tecnologia na era da IA) e conta com mais de 650 palestrantes e centenas de painéis. O evento conecta startups, scaleups, investidores e corporações como Microsoft, AWS, Google Cloud, AstraZeneca, BT, Virgin Media O2 e Diageo.

Do lado governamental, o destaque vai para a meta de treinar 7,5 milhões de trabalhadores em tecnologias de IA até 2030, além do lançamento de um programa educacional com investimento de £185 milhões. “IA é infraestrutura. E infraestrutura exige compromisso”, resumiu Huang.

Outro movimento simbólico foi o anúncio da instalação da sede europeia da fintech Liquidity em Londres, com um investimento estimado em £1,5 bilhão. “É um voto de confiança no ambiente britânico”, disse Starmer.

Debate sobre regulação expõe diferentes visões para o futuro da IA no Reino Unido

Líder do Partido Trabalhista, Sir Keir Starmer defendeu uma mudança estrutural na forma como o país regula tecnologias emergentes. Para ele, o atual modelo baseado em autorregulação e diretrizes setoriais está “muito aquém” das exigências do momento.

“Precisamos de um marco legal robusto, centralizado, com licenciamento para modelos fundacionais de IA”, declarou. “É preciso agir rápido, porque o impacto virá nos próximos 12 a 18 meses – e não daqui a cinco anos.”

A crítica se refere diretamente à estratégia do primeiro-ministro conservador Rishi Sunak, que priorizou a atuação de reguladores de cada setor e a cooperação internacional, sem legislações específicas. Embora Sunak tenha anunciado uma cúpula global sobre IA e acordos com laboratórios como DeepMind e OpenAI para testes de segurança, Starmer considera que a abordagem ainda é fragmentada.

“Há boas iniciativas, mas precisamos de uma estrutura coordenada e com autoridade legal”, afirmou o líder da oposição, que também se opôs à proposta de renda básica universal como resposta à substituição de empregos pela IA. Em vez disso, defendeu políticas de requalificação, com foco em novos empregos baseados em tecnologia.

A fala reforça a ideia de que, em um futuro governo trabalhista, a regulação da IA seria não só mais acelerada, mas mais rigorosa – com foco em transparência, licenciamento e impacto social.

Oportunidade para brasileiros

Para empresários e inovadores brasileiros atentos ao cenário internacional, o Reino Unido surge como um destino estratégico para parcerias, expansão de negócios e acesso a investimentos. Além de incentivos fiscais e programas de aceleração, o país oferece uma comunidade vibrante de startups, infraestrutura jurídica sólida e conexões com mercados europeus e norte-americanos.

A London Tech Week 2025 é, acima de tudo, um termômetro de tendências: IA generativa, computação quântica, regulação digital e formação de talentos são os grandes temas do evento, que segue até 13 de junho.