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Eleição pela presidência do PT no Paraná vira campo de batalha

Uma batalha de ordem ideológica está sendo travada no núcleo do PT paranaense e movimentando o alto escalão do partido em nível nacional. Zeca Dirceu, deputado federal e filho de José Dirceu, quer controlar a máquina partidária com objetivos claros de alçar voos maiores, quem sabe, o Senado Federal.

O deputado estadual, Arilson Chioratto, líder da célula raiz do PT paranaense, apoiado pela ministra Gleisi Hoffmann, pretende reorganizar a militância para ampliar o pelotão petista de apoio ao presidente Lula e frear o distanciamento de Ratinho Junior pretenso candidato ao Palácio do Planalto.

Zeca Dirceu venceu as eleições por uma margem de pouco mais de 500 votos em pleito realizado em 275 cidades. Obteve 7.616 votos válidos contra 7.190 de Arilson Chioratto.  O deputado federal, Tadeu Veneri somou 1.605 votos. Com este resultado, será realizada eleições de segundo turno no dia 27 de julho, entre Zeca e Arilson

Em entrevista a este jornal, Zeca Dirceu disse que vai vencer as eleições. Também ouvido, Arilson Chioratto afirmou que será reeleito presidente e que contará com o apoio de Tadeu Veneri, acordo já acertado em Curitiba. São pouco mais de 1000 votos que podem decidir o pleito.

Na conversa que tive com os dois candidatos, observa-se que, internamente, há disputas de linha política mais pragmática, como Zeca, mais alinhado ao Palácio do Planalto, ou mais ideológica e militante, como setores que apoiam Arilson.

A presidência dá o tom político do partido no estado. O jogo, pelo poder, envolve definição de prioridades, organização da militância, distribuição de cargos internos e tem peso decisivo na montagem de chapas eleitorais e influência sobre as eleições municipais e estaduais, já que o presidente define quem serão os candidatos prioritários; com quem o partido coliga; onde investe recursos e quais diretórios são mantidos ou dissolvidos.

Esta disputa é uma luta política, daquelas que expõem rachaduras internas, ambições pessoais e rumos distintos dentro de um partido que ainda tenta reencontrar protagonismo no Estado.

Tanto Zeca quanto Arilson, sustentam que a presidência do PT paranaense terá o papel fundamental e reorganizar e unir o partido.

No fundo, essa disputa definirá, quem controlará as candidaturas em 2026, e quem decidirá onde irão os recursos, os apoios, as coligações. A presidência do partido se transforma, nesse contexto, em uma espécie de capo e a disputa por ele, como manda a política, é feita com telefonemas sigilosos, acordos de bastidores e promessas com prazo de validade.

Um campo de batalha. No Paraná, a guerra já começou.

Zeca nos conta que, ao vencer o pleito (garante que vencerá) vai chamar Arilson e todos que o apoiaram – deputados e deputadas –  para uma conversa. “Nós vamos unir o partido, porque eu tenho um propósito, tenho proposta, tenho uma história. Vou ter um apoio maciço da militância, como já tive no primeiro turno”, diz Zeca

Arilson também disse estar confiante na vitória, já que poderá contar com grande parte dos votos de Tadeu Veneri. Ele afirmou que, ao vencer, convidará Zeca para discutir a união do partido.

“Eu nunca fiz nada sozinho e eu nunca fui de criar confusão, de criar atrito. Pelo contrário, eu sou criticado justamente por ser um conciliador, por conversar com quem não gosta da gente, com quem é contra a gente. Mas eu aprendi isso com o Lula. O Lula provou isso quando escolheu o Alckmin pra ser o vice-presidente”, pontuou Zeca.

O deputado federal e candidato afirmou que não tem nada pessoal contra o Arilson. “Prova disso é que nós sempre fizemos campanha juntos em muitos municípios. Prefeitos, vereadores, lideranças do PT que apoiam ele para deputado estadual, me apoiam para federal e a gente sempre fez campanha de forma muito harmônica. Eu só discordo da maneira como ele conduziu o partido, distante dos filiados, da militância, sem dar poder de decisão à militância, como aconteceu em Curitiba. Eu não concordo com isso. Eu não tenho nenhum problema de ordem pessoal com ele. Ele vai ser respeitado e vai ser valorizado por ser um deputado, por ter sido presidente, tem experiência”

Zeca  garantiu que não se move só pelo que é do seu interesse. “Eu estou me movendo pelo interesse do partido. Inclusive, teria sido muito mais confortável eu apoiar ele, porque é uma pessoa próxima, que eu já conheço, do mesmo grupo da CNB. Mas eu não posso agir assim, pensando em mim. Eu preciso agir pensando na reeleição do Lula. Porque se o PT do Paraná não mudar e não se renovar, se a gente repetir no ano que vem o resultado do ano passado”.

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