A Mata Atlântica paranaense, localizada no coração do Paraná, desempenha um papel vital na saúde ambiental da região. De Curitiba, em direção ao Leste, já podemos ver a cordilheira da Serra do Mar e, a menos de 50 quilômetros da capital, entramos neste pulmão verde, explorando os desafios enfrentados por esse ecossistema único, destacando também as iniciativas e esperanças para sua conservação e, consequentemente, preservação.
A Mata Atlântica no Paraná é a mais conservada do Brasil e o Estado ostenta, também, o título de número um em sustentabilidade. Mas, a natureza precisa ser melhorar entendida, em especial pela grande maioria da população que ignora e faz pouco desse cenário, uma vez que observamos depredações, principalmente da fauna e flora, que chocam a estupidez do homem frente a natureza. A fragmentação do habitat, diante do crescimento urbano e da expansão agrícola colocam pressão sobre as espécies e ecossistemas.

São grandes ainda os desafios ambientais ao longo da Mata Atlântica e a planície litorânea. A constante ameaça do desmatamento exige uma abordagem rigorosa para conter a perda de áreas florestais cruciais. Não bastam apenas as ações governamentais para coibir esta criminosa prática, mas conscientização da população. Também chamamos a atenção para a classe empresarial única, hoje, que pode reverter este quadro, adquirindo áreas e transformando-as em negócios sem, no entanto, maculá-la.
Existem, hoje, no Paraná, várias iniciativas de conservação. Apontamos os esforços para criar reservas naturais, como a Reserva Natural da Serra da Graciosa, Parque do Marumbi, Reserva do Salto Morato e outras para proteger áreas-chave da Mata Atlântica.
Para isso, é preciso projetos que envolvem as comunidades locais na conservação, promovendo a conscientização e a participação ativa. Neste sentido, comunidades como de pescadores e agricultura de subsistência podem ser transformadas em locais de incentivo ao turismo, com noções de conservação e preservação, gerando renda e emprego a essas comunidades.
“Tornar a conservação de áreas naturais um ativo econômico reconhecido segue um grande desafio”, afirma Clóvis Borges, diretor-executivo da SPVS. Vigilante do meio ambiente, ele destaca “ações da iniciativa Grande Reserva Mata Atlântica, com cerca de 2.7 milhões de hectares da Serra do Mar, que abrange 60 municípios”.
A Mata Atlântica é uma das principais floretas tropicais do planeta e reúne um dos maiores número de animais endêmicos e ameaçados do mundo. O desmatamento e a fragmentação desse bioma fazem com que, hoje, muitas dessas espécies estejam nas principais listas globais de espécies ameaçadas. A preocupação é da SPVS que vem, ao longo de décadas, monitorando a região.
A região também reúne diversos atrativos naturais, culturais e históricos. A Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), com apoio de parceiros, vem contribuindo, desde 2018, com a consolidação da iniciativa Grande Reserva Mata Atlântica. Ela tem o propósito de promover o conceito de “produção de natureza”, que considera a integridade ecológica e a convivência harmônica entre sociedade e natureza como a base para uma economia inteligente, moderna e restaurativa.
Biodiversidade Única
Exploração da rica biodiversidade da Mata Atlântica no Paraná, incluindo espécies endêmicas e a importância dessa diversidade para o equilíbrio ecológico.
“O tempo está ficando curto Pra revertermos a ação devastadora do homem contra a natureza. Acima de tudo, fazemos um chamamento para um processo que mesmo gradual é indiscutivelmente urgente a conscientização. Afinal. Não estamos a frente de algo que simplesmente sucumbe ao nosso olhar impotente, erodindo um patrimônio meramente material que poderia ser reposto com algum esforço. Falamos de outro tipo de patrimônio: aquele que vem sendo gradativamente dilapidado e que, uma vez destruído, jamais poderá ser recomposto em sua plenitude”, alerta o biólogo Fernando Straube.
Perspectivas Futuras
Apesar dos desafios, existem razões para otimismo. Inovações tecnológicas, conscientização crescente e colaboração entre ONGs, governo e comunidades locais oferecem um caminho promissor para a sustentabilidade da Mata Atlântica no Paraná.
Ao enfrentar os desafios e abraçar iniciativas de preservação, a Mata Atlântica no Paraná pode não apenas sobreviver, mas prosperar. A conscientização contínua e o compromisso com a sustentabilidade são essenciais para garantir que esta joia ecológica continue a desempenhar seu papel vital na paisagem paranaense. (Livro Mata Atlântica, Desafios e Esperanças no Paraná – Pedro Ribeiro).
Governadores discutem sustentabilidade
O tema central da Conferência da Mata Atlântica que reúne, nesta terça-feira (19), em Curitiba, governadores de vários estados, terá, como foco principal, iniciativas voltadas à sustentabilidade.
O governador Ratinho Junior abrirá o encontro tratando justamente dos cuidados que devemos ter com o meio ambiente e a experiência paranaense de restauração e preservação.
No fim do encontro os governadores vão assinar a Carta de Curitiba, que norteará as principais demandas e propostas do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud), sobretudo em relação ao meio ambiente e a Mata Atlântica.
O encontro será realizado no Teatro Guaíra e reunirá os governadores do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo, todos integrantes do consórcio.
No livro Mata Atlântica, Desafios e Esperanças no Paraná, lançado no final de 2024, percorri, ao lado do fotógrafo Ivan Bueno, uma grande extensão da nossa Mata Atlântica e pudemos observar que há, de fato, um controle em relação a desmatamento e um forte apelo para sua preservação. As regiões dos municípios de Morretes e Antonina são exemplos.
Notícias divulgadas em 2024 pela Agência Estadual de Notícias (AEN), do Governo do Estado, mostra que levantamento da plataforma MapBiomas, 284 das 399 cidades do Estado não tiveram alertas de supressão vegetal identificados no ano passado. Pesquisa indicou ainda que o Paraná alcançou a terceira maior redução de desmatamento do Brasil, com queda de 64,9%.
Perto de ¾ dos municípios do Paraná apresentaram desmatamento ilegal zero da Mata Atlântica em 2024, aponta o Relatório Anual do Desmatamento (RAD) do MapBiomas. De acordo com o levantamento, divulgado no dia 15 deste mês, 284 das 399 cidades do Estado (71%) não tiveram alertas de supressão vegetal identificados pela plataforma, uma iniciativa multi-institucional envolvendo universidades, ONGs e empresas de tecnologia.
A pesquisa indicou ainda que o Paraná teve a terceira maior redução de desmatamento do Brasil no ano passado, com queda de 64,9%. Números a se comemorar no Dia Nacional da Mata Atlântica, celebrado.
Secretário estadual do Desenvolvimento Sustentável, Rafael Greca destacou que o Paraná abriga atualmente a segunda maior área do bioma do País – cerca de 27% do território é coberto pela vegetação. Segundo ele, reflexo do trabalho implementado pelo governador Ratinho Junior a partir de 2019, que mira chegar o mais próximo possível do desmatamento ilegal zero.
“A Mata Atlântica há de permanecer. Queremos e vamos multiplicar essa magnífica área de patrimônio natural, seja por reflorestamento ou por conservação. A nossa casa comum merece, o nosso mundo merece, o nosso Paraná merece”, afirma o secretário.
Modelo Carlópolis: 75% dos municípios do Paraná ampliaram a área de mata nos últimos anos
Diversos fatores ajudam a explicar o desempenho positivo do Estado na preservação ambiental. Entre eles, explica Greca, está a consolidação de políticas públicas voltadas para o setor, como o ICMS Ecológico por biodiversidade. Em 2024, dos 284 municípios que não registraram alertas de supressão, 146 foram beneficiados com o repasse de recursos do programa. “É a mudança de paradigma ambiental, de valorizar que preservas nossas áreas verdes”, diz.
Para identificar uma área desmatada, o MapBiomas compila uma série de outras bases de dados voltadas para a identificação do desmatamento no Brasil, como o Sistema de Alerta do Desmatamento da Mata Atlântica (SAD) da Fundação SOS Mata Atlântica, por exemplo. Assim que o alerta é computado, especialistas do MapBiomas utilizam imagens de satélite de antes e depois do aviso para validar e refinar o que essa outra base de dados checou.
A organização não governamental verifica se o alerta não consta também em bases de dados territoriais públicas, verificando se há autorização para desmatar ali, ou se a área de vegetação suprimida faz parte de alguma Unidade de Conservação, território indígena ou quilombola. Nessa etapa de verificação, os especialistas do MapBiomas também identificam o município onde ocorreu o desmatamento, entre outros limites geográficos.
A plataforma, por meio de satélites, chega a detectar desmatamentos a partir de 0,2 hectare, utilizando imagens de maior resolução espacial.
Quem pratica o desmatamento ilegal está sujeito a penalidades administrativas previstas na Lei Federal nº 9.605/98 (Lei de Crimes Ambientais) e no Decreto Federal nº 6.514/08 (Condutas Infracionais ao Meio Ambiente). O responsável também pode responder a processo por crime ambiental.
A denúncia é a melhor forma de contribuir para minimizar cada vez mais os crimes contra a flora e a fauna silvestres. O principal canal do Batalhão Ambiental é o Disque-Denúncia 181, o qual possibilita que seja feita uma análise e verificação in loco de todas as informações recebidas do cidadão.
No IAT, a denúncia deve ser registrada junto ao serviço de Ouvidoria, disponível no Fale Conosco, ou nos escritórios regionais. É importante informar a localização e os acontecimentos de forma objetiva e precisa. Quanto mais detalhes sobre a ocorrência, melhor será a apuração dos fatos e mais rapidamente as equipes conseguem realizar o atendimento.
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