HomeDESTAQUEAcordo Mercosul-UE avança e promete fortalecer relações entre Itália e Brasil

Acordo Mercosul-UE avança e promete fortalecer relações entre Itália e Brasil

Após mais de duas décadas de negociações, a Comissão Europeia validou o texto final do Acordo de Parceria entre Mercosul e União Europeia, considerado um marco histórico para as relações econômicas e políticas entre os dois blocos. O documento segue agora para apreciação dos 27 Estados-membros da União Europeia e do Parlamento Europeu, com expectativa de ratificação até o fim de 2025.

As tratativas, iniciadas em 1999, enfrentaram diversos impasses, principalmente no setor agrícola europeu, liderado pela França. A inclusão de salvaguardas, como mecanismos de controle para importações em caso de variações superiores a 10% em preços ou volumes, foi fundamental para destravar o processo. Segundo a Comissão Europeia, liderada por Ursula von der Leyen, a aprovação do texto marca a fase final antes da assinatura do tratado, prevista para dezembro de 2025, durante a Cúpula do Mercosul em Brasília.

Impactos para a Itália
A Itália é apontada como uma das nações que mais pode se beneficiar com a redução de tarifas comerciais, sobretudo em setores como manufatura, moda, design e tecnologia. Especialistas ressaltam que o país, que mantém laços históricos com o Brasil devido à imigração italiana, tende a ampliar investimentos e intensificar o intercâmbio cultural e econômico com a América Latina.

Para Renata Bueno, ex-deputada do Parlamento Italiano e advogada internacional, o acordo fortalece pontes já existentes.

“A Itália tem muito a ganhar com parcerias que promovam intercâmbios culturais, educacionais e econômicos. Esse tratado reforça essas conexões e traz benefícios concretos para os ítalo-descendentes na América do Sul, especialmente no Brasil”, afirma.

Renata Bueno Itália
Renata Bueno, ex-parlamentar italiana e advogada. Foto: Divulgação

Benefícios para o Brasil
O Brasil, como maior economia do Mercosul, deve colher ganhos significativos. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) estima aumento de 1,49% nos investimentos e um saldo positivo de US$ 302,6 milhões na balança comercial. O agronegócio brasileiro, em particular, terá acesso ampliado ao mercado europeu.

Além da área agrícola, o acordo prevê espaço para políticas públicas em setores estratégicos como saúde, inovação e sustentabilidade. A União Europeia já é o segundo maior parceiro comercial do Brasil, com US$ 92 bilhões em trocas registradas em 2023.

Relevância para a América Latina
Especialistas avaliam que o acordo reforça o papel do Mercosul como plataforma de inserção internacional. Argentina, Uruguai e Paraguai também terão acesso ampliado ao mercado europeu, principalmente no setor agrícola, além de oportunidades em áreas como tecnologia e energia renovável.

Outro destaque é o compromisso com metas de sustentabilidade e descarbonização, considerado fundamental diante dos desafios climáticos globais. Analistas observam ainda que, em um cenário marcado por tensões comerciais e protecionismo, a União Europeia busca diversificar parcerias, aproximando-se da América Latina como alternativa estratégica.

Próximos passos
Para entrar em vigor, o acordo precisa ser aprovado por maioria qualificada no Conselho da União Europeia e por maioria simples no Parlamento Europeu. No Mercosul, o texto também será submetido aos parlamentos nacionais. A expectativa é que, após a ratificação, seja consolidado um mercado integrado de aproximadamente 780 milhões de consumidores.

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