Não importa o quanto você tente atravessar o rio em paz, o escorpião sempre picará — é da sua natureza.
Como parte de sua estratégia – isto é histórico – o governador Ratinho Junior (PSD) continua levando em banho-maria a escolha do candidato que deverá sucedê-lo no Palácio Iguaçu em 2026. Uma certeza: o candidato será do partido, o PSD, segundo tem afirmado o próprio governador.
Nessa toada, arrisca-se a ver a casa com um inquilino indesejado: o senador Sergio Moro. E aqui cabe lembrar a fábula do sapo e do escorpião: não importa o quanto você tente atravessar o rio em paz, o escorpião sempre picará — é da sua natureza.
Moro não disfarça. Tem sangue nos olhos, não reconhece a ética como limite e carrega no bolso o veneno da traição.
O sábio Ulisses Guimarães acreditava que lealdade e compromisso com princípios eram fundamentais e quem traía esses valores não merecia perdão. É dele a frase: “a única coisa que não perdoo na política é a traição”. Mas o senador parece acreditar que o dicionário da política tem verbetes exclusivos para ele.
O que se desenha, se Ratinho Junior não acelerar, é um possível racha dentro do seu próprio grupo político e palco onde Moro se apresenta como fiscal-mor da moralidade seletiva, prometendo devassar cada centímetro da gestão atual. Ironia pura: aquele que se alimenta da desconfiança alheia agora posa de paladino.
Ratinho Junior, que se desincompatibiliza em abril para ser candidato à Presidência da República ou ao Senado Federal, tem, no bolso do colete, alguns nomes que podem impedir um possível desastre em seu currículo político: o presidente da Assembleia Legislativa, Alexandre Curi, o secretário das Cidades, Guto Silva, o vice-governador Darci Piana, Rafael Greca, ex-prefeito de Curitiba, e o secretário das Finanças, Norberto Ortigara.
São todos do seu grupo político. Unidos, ficarão imbatíveis e o governador fará seu sucessor sem passar noites mal dormidas com Moro rondando o centro cívico.
Resta, portanto, ao governador decidir se quer continuar na plateia, assistindo ao espetáculo, ou se sobe ao palco antes que o escorpião lhe roube não apenas a cena, mas também a cadeira.