A saída de Álvaro Dias do Podemos, após oito anos de filiação, revela mais do que um simples descontentamento pessoal: escancara as contradições internas que minam a coerência partidária.
O ex-governador e ex-senador paranaense, figura com mais de cinco décadas de atuação política, deixa claro que posturas adotadas pela atual direção destoam do compromisso histórico com princípios e ética que marcaram sua trajetória.
Essa ruptura levanta questionamentos sobre a identidade real do Podemos, que, para muitos, ainda busca se firmar entre o discurso e a prática política. Em um cenário cada vez mais polarizado, a dificuldade de manter alinhamentos ideológicos consistentes acaba refletindo diretamente na credibilidade das siglas e no desgaste da representação política.
Mais do que um ato individual, a saída de Dias simboliza a crise interna que partidos emergentes enfrentam quando tentam conciliar ambições eleitorais com a preservação de valores fundamentais — um desafio que, até o momento, parece longe de ser superado.
Nota
“Há pouco mais de oito anos, ao lado de militantes da política, sonhei com a construção de um partido alternativo que pudesse recuperar a crença dos brasileiros na instituição partidária. Hoje, confesso que meus sonhos foram sepultados, engolidos pela força de um sistema nefasto que teima em sobreviver. Não posso compactuar com isso. Com tristeza, despeço-me do Podemos e agradeço imensamente a todos que me acompanharam até aqui, sonhando os mesmos sonhos e alimentando a mesma fé e esperança.”
Alvaro Dias