Economia
Aumento dos combustíveis irá afetar preços nos supermercados, diz Fetranspar
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Aumento dos combustíveis irá afetar preços nos supermercados, diz Fetranspar

“A proposta de reajuste de 11% é um movimento muito abrupto e terá, sim, consequências negativas em toda a cadeia produtiva”, afirma o presidente da entidade

paranaportal - sexta-feira, 31 de janeiro de 2025 - 13:08

O reajuste no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre combustíveis, que começa a valer a partir deste sábado (1º), e que irá acarretar no aumento dos preços da gasolina e do diesel, terá impacto negativo sobre o valor final de alimentos e produtos, avalia o setor de transporte rodoviário de cargas. 

Segundo levantamento realizado pelo Sistema Fetranspar, que congrega mais de 20 mil empresas transportadoras no Estado do Paraná, o diesel representa pelo menos 35% dos custos de uma operação. O que torna a variação no valor do combustível bastante significativa para o preço final.

“Aquilo que já é ruim ficará ainda mais complicado com este aumento. Os governantes deveriam estar cientes disso e buscar outras alternativas de arrecadação, em vez de aprovar aumentos dessa natureza em um momento tão delicado, com a escalada dos preços nos supermercados, sabendo que as empresas já estão tendo que lidar com a reoneração da Folha de Pagamento desde os primeiros dias do ano”, afirma o presidente do Sistema Fetranspar, Coronel Sérgio Malucelli.

Para Malucelli, os empresários do setor não conseguirão absorver esse aumento por muito tempo, e o valor terá que ser repassado para o mercado, o que impactará diretamente o consumidor final, que precisa que seus produtos cheguem às prateleiras.

“Em um momento em que os produtos nos supermercados já estão com preços bastante altos, isso é muito prejudicial para o Estado, para o País e para a sociedade como um todo. Não vemos muitas perspectivas, pois o aumento do combustível deixará marcas também no consumidor final, que, além de pagar mais caro pelos produtos, terá que arcar com um preço mais elevado pelo combustível nas bombas”, afirma.

O aumento do combustível afetará todos os que utilizam caminhões, mas o agronegócio pode ser o primeiro setor a sofrer as consequências desse reajuste. O primeiro semestre é o período da primeira safra. Como as rotas do agronegócio são longas e feitas por caminhões pesados, qualquer aumento no preço do diesel acaba sendo significativo.

“O preço do diesel está estável há um ano e meio, e agora querem aumentar de uma única vez. A proposta de reajuste de 11% é um movimento muito abrupto e terá, sim, consequências negativas em toda a cadeia produtiva e no País como um todo”, finaliza Malucelli.

Aumento dos combustíveis

Cálculo do ICMS foi alterado em 2022

O aumento do ICMS sobre os combustíveis é reflexo da mudança no cálculo do ICMS estadual. Em 2022, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), uma lei aprovada estabeleceu que o cálculo do ICMS nos combustíveis passaria a ter uma valor fixo por litro em todos os estados, em substituição ao sistema até então utilizado, no qual cada estado calculava o ICMS trimestralmente, usando como base o preço médio dos três meses anteriores.]

A partir de então, o Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) se reúne anualmente com as secretarias de Fazenda de todos os estados brasileiros e do Distrito Federal para definir o valor do ICMS dos combustíveis.

O reajuste que será feito no sábado (1º) foi aprovado pelo Confaz, em 31 de outubro de 2024.

De quanto será o aumento?

Para a gasolina, o aumento será de  R$ 0,0979, enquanto o do diesel será de R$ 0,0565.

Vale destacar que o ICMS é apenas um dos fatores que influenciam no preço dos combustíveis, sobre o valor total também incidem o imposto federal e as margens de lucro da Petrobras, das distribuidoras e dos vendedores.

Petrobras

Até o momento, a Petrobras não fez nenhum reajuste nas refinarias, mas um aumento pode ser anunciado nas próximas semanas.

Na quinta-feira (30), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que a decisão de aumentar o preço do diesel cabe à Petrobras, após se reunir com a presidente da empresa, Magda Chambriard, e conversar sobre a possibilidade do reajuste, o que poderia elevar ainda mais o preço de alimentos, que já está em alta.

“Se ela tiver uma decisão de que para a Petrobras é importante fazer o reajuste, que faça e comunique à imprensa”, disse.

Na avaliação do Planalto, porém, o impacto do diesel sobre os alimentos pode ser amenizado se o dólar seguir baixando como nos últimos dias.

A preocupação do presidente com o aumento dos combustíveis também está ligada ao fato do governo federal ter colocado como prioridade neste início de ano a redução dos preços dos alimentos.

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