A Itália enfrenta a maior crise de mão de obra na saúde de sua história, com um déficit estimado em mais de 65 mil profissionais entre médicos e enfermeiros. Em resposta, o país está abrindo suas portas para talentos estrangeiros, incluindo brasileiros, oferecendo salários de até 7 mil euros por mês (aproximadamente R$ 44,6 mil), além de benefícios como passagem aérea, moradia e cursos gratuitos de italiano.
Crise sem precedentes na saúde italiana
O Serviço Nacional de Saúde (SSN) enfrenta desafios históricos: envelhecimento da população, aposentadorias e migração de profissionais para outros países. Segundo a Fundação GIMBE e a Federação Nacional dos Ordens dos Profissionais de Enfermagem (FNOPI), faltam 38 mil médicos especialistas e mais de 65 mil enfermeiros, com projeções de déficit chegando a 100 mil até 2030.
Regiões como Veneto, Piemonte e Emilia-Romagna relatam escassez em oncologia, pediatria, terapia intensiva e geriatria, enquanto filas e sobrecarga hospitalar refletem a urgência de atrair profissionais estrangeiros.
Facilidade para estrangeiros: Decreto Milleproroghe
O governo italiano lançou o Decreto Milleproroghe (Decreto-Lei nº 202/2024), que permite o reconhecimento temporário de diplomas estrangeiros até 31 de dezembro de 2027. Isso possibilita que profissionais comecem a trabalhar imediatamente enquanto aguardam a validação oficial de seus títulos.
Hospitais públicos e privados podem contratar diretamente, oferecendo contratos de até três meses, renováveis. A Lei de Fluxos (L. 187/2024) ainda facilita vistos para profissionais qualificados e suas famílias, tornando a mudança mais rápida e acessível.
Pacotes atrativos para profissionais estrangeiros
- Salários: até 7 mil euros mensais para médicos especializados
- Benefícios: bônus por especialização, turnos extras, passagem aérea, moradia subsidiada e cursos gratuitos de italiano
- Áreas em alta: geriatria, oncologia, terapia intensiva, pediatria e cuidados intensivos
Instituições como o Istituto Oncologico Veneto e redes hospitalares regionais estão em busca de profissionais qualificados para suprir a demanda crítica.
Brasileiros em posição privilegiada
Renata Bueno, ex-deputada italiana e advogada internacional, diz que a “formação técnica dos brasileiros é reconhecida mundialmente, mas o que realmente se destaca é o cuidado humanizado que eles oferecem. Isso ressoa muito com a cultura italiana de atenção ao paciente.”
“Nunca houve um momento tão propício para brasileiros que desejam trabalhar na Itália. Com incentivos, facilidades para reconhecimento de diplomas e suporte para adaptação, eles podem não apenas construir uma carreira internacional, mas também contribuir de forma significativa para a saúde italiana”, reforça.
Associações como a Associação de Médicos de Origem Estrangeira na Itália (AMSI) confirmam que brasileiros têm altas taxas de retenção e integração nos hospitais italianos.
Como aproveitar essa oportunidade
Profissionais interessados devem consultar sites oficiais do Ministério da Saúde Italiano e plataformas regionais de emprego, como Veneto Lavoro. Documentos essenciais incluem diplomas traduzidos, comprovantes de experiência e certificações. Muitos hospitais aceitam candidatura direta, e agências especializadas podem auxiliar no processo.
“A Itália está se reinventando para atrair talentos globais. Para médicos e enfermeiros brasileiros, essa é uma oportunidade única de avançar na carreira, viver uma experiência cultural enriquecedora e transformar vidas – incluindo a própria’, conclui Renata Bueno.

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