De um lado, a pequena, mas barulhenta bateria da torcida do Paysandu, do Pará. Do outro, apenas o grito, abafado, de revolta. A torcida coxa-branca, sem bandeiras, sem camisas e sem bateria. Punida e banida. Um sábado triste para o Coritiba, goleado em sua casa.
Xingar o juiz de ladrão e filho de uma meretriz em estádios de futebol é recorrente, não apenas no Brasil, mas no mundo. É a explosão emocional do torcedor e não existem meios jurídicos para punição de 10, 20, 50 ou mais torcedores.
Mas, chamar uma torcida adversária de “porco otário”, tem punição severa, pois coloca no bolo da responsabilidade, uma torcida organizada. Foi o que aconteceu com a torcida Império, do Coritiba, que está proibida de usar camisas com a logo, bandeiras e, o pior de tudo, os instrumentos da bateria que estimula os atletas em campo.
Este é mais um capítulo surreal do futebol paranaense. O Ministério Público resolveu descer ao campo, mas não para marcar impedimento, e sim para aplicar cartão vermelho à torcida do Coritiba. A “gravíssima” infração? Ter chamado a torcida rival de “porco otário”.
Seis meses afastados das arquibancadas. É isso mesmo. Não foi por arremesso de objeto, agressão física ou invasão de campo. Foi por… zoeira. Ironia, provocação, deboche — elementos fundadores da alma do futebol — agora podem ser considerados crimes contra a honra, desde que o alvo esteja do outro lado da Baixada.
Uma pergunta incômoda: não teria ali, escondido entre os ternos e gravatas um procurador de coração rubro-negro? Uma caneta com escudo do Athletico? Um espírito de revanche disfarçado de zelo institucional?
Conversando com um amigo advogado, ele ironizou: “Se fosse para punir grito de torcida, talvez o MP devesse montar um batalhão só para o Couto e a Arena. Ou, melhor ainda, lançar um manual de boas práticas: “Ofenda com educação”.
Ironia, provocação e gozação fazem parte do jogo — e o MP, convenhamos, deveria se ocupar de coisas bem mais sérias do que defender a autoestima ferida de um torcedor profissional.
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