Por Flávia Sobral
Outubro chega anualmente tingido de rosa — mas o símbolo não pode ficar apenas nas vitrines. Ele precisa tocar o nosso íntimo, despertar o cuidado, a autoestima e a responsabilidade com a própria vida.
A realidade que não podemos ignorar. Segundo o INCA, para cada ano do triênio 2023-2025, o Brasil deve registrar cerca de 73.610 novos casos de câncer de mama.
Uma estatística que mexe comigo: uma em cada três mulheres diagnosticadas entre 2018 e 2023 tem menos de 50 anos. O câncer de mama, apesar de mais comum em faixas mais avançadas de idade, não exclui jovens — e este dado reforça a urgência de atenção, de escuta, de autocuidado ativo.
Quando o diagnóstico precoce salva vidas
Lembro de uma mulher, de nome Maria*, que me contou durante uma reportagem: “Vi um nódulo, mas achei que ia sumir com o tempo. Demorei para procurar porque tinha medo, vergonha, receio… Quando fui ao médico, já tinha crescido demais. Fui operada, mas sempre penso: se tivesse visto antes, se tivesse tido alguém de confiança para me dizer ‘vamos olhar isso juntos’, teria sido outro desfecho.”
Essa mulher, como tantas outras, mostra que ter um profissional de confiança — ginecologista, mastologista, alguém que escute, que explique com clareza — não é luxo, é necessidade.
Minha experiência: apresentadora, mulher, multiplicadora
Em tantos eventos, em tantos bastidores, conheci mulheres que passaram pelo diagnóstico, pelo medo, pela cirurgia, pela reconstrução ou por tratamentos que ferem a alma antes mesmo do corpo. Também acompanhei profissionais — médicos, mastologistas, enfermeiras, psicólogos, esteticistas — que não só tratam, mas alimentam esperança.
Vejo como a autoestima perde espaço quando o corpo muda, quando o cabelo cai, quando a cicatriz insiste. É aí que entra o cuidado humano: a fala suave do mastologista, o abraço da enfermeira, o respeito da família, o toque da beleza — porque sentir-se bonita, sentir-se inteira, é parte da cura.
O autocuidado no discurso e na prática
O Outubro Rosa é um mês de ações visíveis — mutirões, campanhas, divulgação. Mas quero que seja também um mês de atos privados:
marcar exame de mamografia se estiver na faixa de risco;
fazer autoexame; consultar se há histórico familiar; cuidar da alimentação, praticar exercício, evitar álcool em excesso; buscar apoio psicológico, social, de carinho.
O poder da solidariedade e da prevenção
Além de cuidar de si, é importante que nós, como sociedade — comunicadoras, profissionais de saúde, amigas — amplifiquemos histórias reais, que mostremos caminhos difíceis, mas possíveis. Que lutemos por acesso rápido ao diagnóstico, por profissionais qualificados, por rede de apoio.
Como mulher, quero deixar este recado: você importa. Como comunicadora, digo: sua voz, seu corpo, sua saúde são legítimos. Que neste Outubro Rosa não apenas pintemos laços, mas acendamos esperanças. Que cada nódulo visto, cada exame feito, cada consulta agendada se transforme em vitória.
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