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Obras de tecelão curitibano vão para o Museu da Seda da China

O artista plástico e professor de artes curitibano Renê Scholz teve duas obras de arte selecionadas para uma exposição em São Paulo que conta a história da seda. As obras despertaram o interesse do Museu Nacional da Seda da China, que decidiu incorporá-las ao seu acervo, sediado em Ganzhow, na província de Zhejiang.

A mostra “Seda que une montanhas e mares: da China ao Brasil” ficará no Museu da Imigração de São Paulo até 29 de março de 2026. O museu funciona na antiga Hospedaria de Imigrantes do Brás, onde era feita a triagem dos estrangeiros de diversas nacionalidades que ajudaram a colorizar o Brasil .

O local não poderia ser mais adequado para a exposição que conta a história da Rota Marítima da Seda, uma das principais vias de comércio e intercâmbio cultural entre o Oriente e o Ocidente a partir do século II a.C..

As duas obras do professor Renê Scholz foram produzidas em 2014 para um projeto educacional para alunos do ensino fundamental da cidade de Nova Esperança, a capital da seda no Brasil e coração do Vale da Seda.

Desde então, elas ficaram expostas no Museu do Vale da Seda em Maringá, espaço criado para divulgar a importância econômica da região noroeste do Paraná que abrange 29 cidades na bacia hidrográfica do Rio Pirapó.

“Fiquei surpreso ao saber que as obras saíram de Maringá e vão para a China, com escala numa exposição tão importante em São Paulo”, comenta o artista Renê Scholz, que trabalha como tecelão desde os anos 80, seguindo a tradição que vem de família há várias gerações, e que ele aprendeu com a mãe, Zélia Scholz (1935-2021). O artista expõe suas obras aos domingos na Feira do Largo da Ordem, na mesma barraca que foi da sua mãe, a titular número um da feirinha que influenciou uma geração de tecelões no Paraná.

Além do professor curitibano, o tecelão Valdir Francisco, de Paranavaí, também teve uma obra selecionada para integrar o Museu Nacional da Seda da China.

Os dois artistas paranaenses foram convidados a criar obras utilizando 1 kg de retalhos Valdir Francisco utilizou uma estrutura de compensado, e Renê Scholz usou caules secos de uma trepadeira trançados pela natureza. Elas foram recobertas por fios e tecidos coloridos de seda e  casulos.

As duas peças criadas por Renê representam filtros de sonhos da princesa Si Ling Shi, conhecida como a descobridora do processo de produção de seda. Ela era esposa do Imperador Amarelo, fundador da nação chinesa e do taoísmo, além de inventor da escrita. Segundo a lenda, a princesa descobriu o fio de seda por acaso, ao derrubar um casulo dentro da xícara de chá.

A Sericultura (cultivo do bicho da seda para produção de fios) é a atividade agrícola industrial mais antiga do mundo, surgida na China há mais de cinco milênios.

A atividade chegou ao Brasil no século XIX, onde o solo fértil e o clima úmido ofereceram condições para a tradição milenar. No século XX, comunidades imigrantes trouxeram técnicas fiação, impulsionando o crescimento da indústria da seda brasileir a e transformando o País em importante polo produtivo. O Estado do Paraná responde por mais de 85% da produção nacional.

A história da seda deste a invenção até os dias atuais é contada na exposição em São Paulo em três módulos: A Origem da Seda, As Rotas da Seda e A Beleza da Seda.

Os visitantes podem conhecer desde o artesanato ancestral até a vitalidade criativa contemporânea, marcada pela fusão entre arte e tecnologia. Além disso, o percurso reconstitui as rotas marítimas históricas que conectavam a China ao Brasil, revelando camadas de intercâmbio cultural entre os dois países.

Entre os destaques estão os 22 conjuntos de trajes da Dinastia Qing, testemunhos da cultura tradicional chinesa, ao lado de peças de vestuário meticulosamente reconstruídas e obras de patrimônio cultural imaterial que mantêm vivas as práticas artesanais transmitidas através de gerações.

Em diálogo com essa herança milenar, a exposição traz designs que evidenciam a reinvenção contínua da seda ao longo dos séculos.

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