O café produzido em Mandaguari, no Noroeste do Paraná, acaba de alcançar um marco histórico: o reconhecimento como Indicação Geográfica (IG), na modalidade Denominação de Origem (DO), concedido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). A certificação, anunciada nesta terça-feira (1º), abrange seis municípios da região — Mandaguari, Marialva, Jandaia do Sul, Apucarana, Cambira e Arapongas — e representa um salto de qualidade e valorização para os produtores locais.
O que é uma Indicação Geográfica?
A Indicação Geográfica é um selo conferido a produtos que possuem qualidades únicas vinculadas ao seu território de origem. No caso da Denominação de Origem, a mais rigorosa das modalidades, o reconhecimento considera não apenas os fatores naturais — como solo, clima e relevo — mas também os saberes e práticas tradicionais da comunidade produtora. Isso garante que o produto tenha identidade própria e características sensoriais que não podem ser reproduzidas em outras regiões.

Por que o café de Mandaguari se destaca
A região de Mandaguari reúne condições excepcionais para o cultivo de café: solo fértil do tipo terra roxa, clima equilibrado pela passagem do Trópico de Capricórnio, e uma tradição familiar que atravessa gerações. O resultado é um café com sabor frutado, notas de chocolate e caramelo, acidez equilibrada e uma doçura preservada por bactérias benéficas presentes nas lavouras locais.
Além disso, a produção é marcada por práticas sustentáveis e cuidadosas, como colheita seletiva e processamento artesanal, que garantem a alta qualidade do grão. Atualmente, cerca de 200 propriedades cultivam café na região, totalizando 3.100 hectares e uma produção anual de 5.400 toneladas.
Impacto para os produtores e o mercado
Com a certificação, os cafeicultores da região — organizados por meio da Associação dos Produtores de Café de Mandaguari (Cafeman) — esperam ampliar o valor agregado do produto, conquistar novos mercados e até dobrar o preço da saca. A IG também abre portas para exportações e fortalece a economia local, especialmente para os pequenos produtores.
“Essa conquista marca o início de um novo tempo para todos os produtores da região”, afirma Fernando Rosseto, presidente da Cafeman. “Queremos incentivar outros agricultores familiares a se adequarem às exigências da IG, o que pode aumentar significativamente a rentabilidade.”

Paraná se consolida como referência em IGs
Com o café de Mandaguari, o Paraná atinge a marca de 20 produtos com Indicação Geográfica, sendo apenas dois com Denominação de Origem — o outro é o mel de Ortigueira. Em 2025, o Estado já conquistou seis novas IGs, reforçando sua posição como um dos principais polos de produtos com identidade territorial no Brasil.
A certificação é resultado de um esforço coletivo que envolveu o Sebrae/PR, o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), prefeituras, cooperativas e outras instituições. Para Luiz Carlos da Silva, consultor do Sebrae, “o reconhecimento fortalece os pequenos negócios no campo, gera oportunidades e impulsiona o desenvolvimento econômico da região”.
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