O meio empresarial paranaense se debruça em planilhas de custos e exportações para analisar a taxação de 50% de produtos brasileiros aos Estados Unidos, como determinou, através de carta endereçada ao Palácio do Planalto, o presidente Donald Trump.
A preocupação é geral, principalmente do agronegócio. Mas, há, no entanto, quem acredite que se o Brasil devolver na mesma moeda, com taxação de produtos americanos, em especial da indústria farmacêutica, o governo Lula faria um bom caixa que poderia dar um fôlego no equilíbrio fiscal.
Ninguém ainda arrisca um palpite em números. São Tomé na parada. Como bem disse ontem o secretário de Agricultura e Abastecimento, Marcio Nunes: “temos que esperar a decisão do governo brasileiro, mas podemos começar a fazer contas”.
O Brasil tem hoje uma condição muito mais favorável porque abriu o comércio.
A balança comercial brasileira em 2024 registrou um superávit de US$ 74,6 bilhões, o segundo melhor resultado da série histórica, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior. As exportações totalizaram US$ 337 bilhões, enquanto as importações ficaram em US$ 262,5 bilhões. Houve uma redução de 24,6% no superávit em relação a 2023, quando o saldo positivo foi de US$ 98,9 bilhões. Nossas exportações para os EUA em 2024 foram de U$ 42 bilhões.
A Federação da Agricultura do Paraná (Faep) emitiu uma nota técnica no final da tarde desta quinta-feira (10) onde afirma que o “tarifaço dos EUA pode elevar custo de produção e derrubar preços internos”. Ainda aponta inviabilidade comercial de diversos produtos. Os Estados Unidos foram o segundo principal destino das exportações paranaense em 2024”.
O Sistema Faep manifesta preocupação com a decisão dos Estados Unidos de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, especialmente itens agropecuários, a partir de 1º de agosto. Essa medida representa uma ameaça direta à competitividade do nosso agronegócio no mercado internacional, causando prejuízos significativos aos produtores paranaenses e brasileiros.
“Diante desta situação, o Sistema FAEP pede que o governo federal abra um canal de negociação, buscando preservar nossos acordos comerciais e minimizar os impactos sobre quem trabalha no campo. O setor produtivo precisa de segurança e previsibilidade para continuar gerando emprego, renda e desenvolvimento”, destaca o presidente interino do Sistema Faep, Ágide Eduardo Meneguette.
Os Estados Unidos são o segundo principal parceiro comercial do Paraná, com exportações totalizando US$ 1,58 bilhão em 2024. Considerando o primeiro bimestre de 2025, o país é o terceiro principal destino das exportações paranaenses, com US$ 214 milhões. Os principais produtos vendidos ao país norte-americano envolvem produtos florestais (madeira, celulose, papel), café, couros, pescados e diversos itens alimentícios, todos vulneráveis ao tarifaço.
“Essa medida unilateral ameaça uma relação comercial historicamente importante para o Paraná, principalmente ao setor rural. É fundamental que haja atuação diplomática do governo federal à abertura das negociações para reverter e/ou mitigar a medida”, completa Meneguette.
O Sistema FAEP, que representa os produtores rurais do Paraná, potência na produção e exportação de aves, suínos, tilápias e outras commodities agrícolas, está à disposição para contribuir com o diálogo com os Estados Unidos, minimizando os efeitos da medida.