No sábado, 12 de julho, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou, via rede social, tarifas de 30% sobre produtos da União Europeia, com implementação prevista para 1º de agosto. A medida segue uma carta enviada ao governo brasileiro, na qual Trump informou a aplicação de tarifas de 50% sobre exportações do Brasil para os EUA. Essas decisões intensificam as tensões comerciais globais, afetando economias interdependentes e desafiando as regras do comércio internacional. Como ex-parlamentar italiana e advogada de direitos internacionais, analiso os impactos dessas tarifas e as possíveis respostas da UE e do Brasil.
Contexto das tarifas de Trump
As tarifas anunciadas por Trump refletem sua política de priorizar a economia americana, frequentemente sob a justificativa de corrigir desequilíbrios comerciais. No caso da União Europeia, a tarifa de 30% impactará setores como automotivo, agrícola (vinhos, azeites, queijos) e moda de luxo, especialmente em países como Itá lia, Alemanha e França. Já a tarifa de 50% sobre o Brasil, um dos maiores exportadores de soja, carne e minérios, ameaça desestabilizar sua economia, que depende fortemente do mercado americano.
O anúncio, feito via redes sociais, reforça o estilo direto de Trump, mas também expõe a falta de diálogo prévio com parceiros comerciais. A carta ao Brasil, embora não detalhada publicamente, sugere uma abordagem agressiva que pode desencadear retaliações, elevando os preços para consumidores americanos e pressionando cadeias de suprimento globais.
Impactos econômicos
As tarifas terão consequências imediatas. Na UE, o comércio bilateral com os EUA, que ultrapassou 1,2 trilhão de euros em 2024, será prejudicado. Pequenas e médias empresas italianas, por exemplo, enfrentarão aumento de custos em produtos como vinhos e moda, reduzindo sua competitividade. No Brasil, a tarifa de 50% pode atingir duramente o agronegócio, setor-chave da economia, aumentando a vulnerabilidade econômica do país.
Além disso, as tarifas podem desencadear uma guerra comercial. A UE já sinaliza possíveis retaliações, como tarifas sobre produtos americanos (tecnologia, uísque, automóveis). O Brasil, por sua vez, pode buscar apoio em fóruns internacionais ou diversificar mercados, mas sua dependência dos EUA limita as opções de curto prazo.
Desafios ao direito internacional
Como advogada de direitos internacionais, destaco que as tarifas unilaterais de Trump podem violar regras da Organização Mundial do Comércio (OMC). A imposição sem justificativas claras (como segurança nacional ou práticas desleais) desafia acordos multilaterais. A UE e o Brasil podem recorrer à OMC, mas o sistema de resolução de disputas está enfraquecido, em parte devido ao bloqueio americano na nomeação de juízes. Esse cenário reforça a necessidade de fortalecer o multilateralismo para evitar a fragmentação do comércio global.
Estratégias para UE e Brasil
A UE deve responder com unidade, buscando negociações bilaterais com os EUA para evitar uma escalada. Concessões em áreas como acordos de livre-comércio ou tecnologias verdes podem ser uma saída, desde que acompanhadas de firmeza contra medidas unilaterais. Além disso, diversificar parcerias com mercados emergentes na Ásia e América Latina é essencial para reduzir a dependência dos EUA.
Para o Brasil, o desafio é maior. A tarifa de 50% exige uma resposta rápida, que pode incluir diálogo com os EUA, fortalecimento de acordos regionais (como o Mercosul) e busca por novos mercados. No entanto, a dependência econômica do agronegócio torna o país vulnerável a pressões externas.
Futuro do comércio global
O anúncio de Trump, feito via redes sociais e seguido da carta ao Brasil, marca um momento crítico para o comércio internacional. As tarifas de 30% sobre a UE e 50% sobre o Brasil não são apenas medidas econômicas, mas testes à cooperação global. Como ex-parlamentar italiana, defendo que o diálogo e o respeito às regras multilaterais são o caminho para evitar uma guerra comercial prejudicial a todos. A UE e o Brasil devem unir forças com outros parceiros globais para proteger seus interesses e promover um comércio justo e sustentável.