Ratinho Junior, com números robustos – mais de 80% de aprovação como governador do Estado do Paraná – está em uma posição confortável neste grande sonho e desafio em ser o eixo do centro político brasileiro. Sempre adotou a política do diálogo, não briga com ninguém e evitou entrar no meio da tempestade que virou a política nacional com os ventos soprados do Norte.
Enquanto aliados cochicham nos bastidores do Palácio Iguaçu e nos nervosos corredores da Assembleia Legislativa afirmando que esta postura é estratégica, têm, o outro lado, que pergunta: Este silêncio é bom e até quando este silêncio será uma virtude? O ex-senador, Alvaro Dias, que acompanha de perto a política paranaense, disse que “Ratinho Junior não entra em bola dividida e que o paranaense apoia esta postura”.
Ratinho Junior não entra nos debates sobre os confrontos entre Judiciário e Legislativo. Não entra no debate sobre democracia, autoritarismo, nem sobre a polarização que consome o país. Como pontuou Alvaro Dias, isso funciona no Paraná. Ele é o governador da tranquilidade. Mas há um risco, porque em Brasília isso não funciona. Lá, no planalto central, quem não fala não é lembrado. E ele precisa estar presente, cada vez mais, neste ambiente por mais hostil e tóxico que seja.
Na opinião do senador Oriovisto Guimarães, que está semanalmente no Congresso Nacional e observa as tramas da política nacional, o governador paranaense está correto em ficar silencioso neste momento. O deputado estadual paranaense, Luiz Cláudio Romanelli, que acompanha a política paranaense, concorda com Guimarães.
O cientista político e professor, Emerson Cervi, tem a seguinte opinião: “Se a gente for olhar daqui para frente, está certíssimo. Todos os setores sociais, econômicos, culturais, em seu mais diversos segmentos, estão se posicionando contrários ao anúncio de Trump (se o anúncio se efetivar, deve piorar ainda mais). Mas, se olhar daqui para trás, como bom bolsonarista que sempre foi, está errado. Definitivamente, agora, ele se “desloca” dos outros governadores que buscam o espólio eleitoral bolsonarista e que se manifestaram no primeiro momento a favor do anúncio de Trump – embora tenham recuado depois. E, assim, podemos inferir do silêncio de Ratinho uma definição, não anunciada, do caminho que tomará em 2026. Afinal, desde 2024 ele já sabia que não contaria mais com os votos do bolsonarismo raíz, como aconteceu em 2018 e em 2022. E, sem a nacionalização que o bolsonarismo raiz lhe garantiria, a escolha mais provável recai em uma disputa de cargo regional”.
Orientado por um grupo de experientes políticos, entre eles seu pai, o apresentador Carlos Massa (Ratinho), o Júnior, parece apostar que a imagem de gestor pacato, distante da gritaria, será suficiente para projetá-lo nacionalmente. Como ele é constantemente chamado para conversar com empresários, sua posição será mais dirigida e segmentada.
Apostamos que, mais cedo ou mais tarde, Ratinho Júnior vai falar. Sobre o país, sobre valores, sobre rumo. Ele precisa mostrar não apenas à opinião pública nacional, mas a caciques de partidos os quais buscará apoio.
Seu silêncio pode ser inteligente no curto prazo, mas arriscado no médio e longo prazo. Mas é evidente que seu grupo já está pensando nisso.